Estudo responde a uma pergunta fundamental da ecologia: Quantas espécies de árvore existem no planeta?

Quarta-feira, 23 de Fevereiro 2022

Dados do IFFSC compuseram um estudo global de grande relevância ecológica, que foi publicado nos Anais da Academia Americana de Ciências (PNAS) (https://doi.org/10.1073/pnas.2115329119) e é resultante de três anos de investigação de um grupo de pesquisadores organizado na GFBI (Iniciativa Global de Biodiversidade Florestal). 

O estudo revelou que existem 73.000 espécies de árvores na Terra, sendo que destas, 9.000 espécies ainda não foram descobertas e nem descritas pela ciência. Dentre estas 9.000 espécies, é provável que um terço delas são espécies muito raras, com populações muito pequenas e presentes em áreas muito restritas. Essa descoberta evidencia a vulnerabilidade da biodiversidade florestal global frente às mudanças no uso da terra e no clima. Segundo as estimativas, a América do Sul abriga 43% do total das 73.000 espécies, a Eurásia 22%, a África 16%, a América do Norte 15% e a Oceania 11%.

Para realizar o estudo, foram utilizados dados de ocorrência e de abundância de 4,4 milhões de árvores (indivíduos), registradas em cerca de 105.000 parcelas implantadas em florestas, campos naturais, savanas e áreas com vegetação arbustiva de todos os continentes e zonas climáticas (das quais 450 parcelas do Inventário Florístico Florestal de Santa Catarina, IFFSC). Além disso, foram incluídas nos cálculos das estimativas das arvores “faltantes” (ainda não conhecidas), os dados de ocorrência de espécies contidos no banco de dados TreeChange.

O cômputo das estimativas parte de um método clássico da Ecologia Florestal, que está baseado no número de espécies extremamente raras, representadas na amostra por apenas um único ou dois indivíduos, além do número de espécies raras que ocorrem em apenas uma única ou em duas localidades (mesmo com vários indivíduos) e sua proporção relativa às espécies mais comuns ou até “hiperdominantes” (muito frequentes em determinada tipologia florestal).

A modelagem que levou à estimativa do número total de espécies foi realizada separadamente em 9.353 células de 100 x 100 km abrangendo todos os continentes e zonas climáticas. Os cálculos estatísticos complexos foram realizados envolvendo técnicas de Inteligência Artificial e o uso de um supercomputador na Purdue University (EUA).